quinta-feira, 28 de maio de 2009

sábado, 23 de maio de 2009

Maria Azenha na Livraria Barata da Av. de Roma


No próximo domingo, dia 24 de Maio, às 16h00, na Livraria Barata da Av. de Roma, será lançado o novo trabalho da nossa associada, a Poetisa Maria Azenha. Esperamos por todos...

[Fonte: Imagem – Capa do CD. Google]

«SEMANA DEDICADA A FERNANDO PESSOA»


Ana Maria Batista, Carlos Durão e Sónia Paredes, alunos da Licenciatura de Marketing, Publicidade e Relações Públicas do Instituto Superior de Línguas e Administração – ISLA, estão a desenvolver o projecto de realização de uma Semana Dedicada a Fernando Pessoa, sob a coordenação do Prof. Joaquim Caetano, docente da cadeira de Publicidade daquele Instituto. O projecto colhe o apoio da Câmara Municipal de Lisboa – Casa Fernando Pessoa.

No âmbito deste projecto, no dia 16 de Junho, às 19h30, na Sala de Leitura do ISLA, terá lugar uma tertúlia onde se pretende apresentar ao público os testemunhos daqueles que, directa ou indirectamente, tiveram a felicidade de privar com o poeta enquanto vivo.

Na sequência do contacto estabelecido, a Associação Fernando Pessoa saúda a os preponentes da iniciativa, manifestando a sua total disponibilidade para colaborar na divulgação do evento através do seu blogue e do envio de e-mails aos seus associados.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

«Fotografias para Caeiro»



Na Casa Fernando Pessoa, para ver até ao final de Agosto.

[Fonte: Imagem – Convite para a inauguração da exposição. Google]

«Jornadas Pessoa - Crowley» na Casa Fernando Pessoa


Uma oportunidade sem par. Inscreva-se já!


[Fonte: Imagem – Ficha de Inscrição on-line. Google]

HOJE, na Escola Secundária Artística António Arroio, «Ouviu-se o Silêncio a Ler»


[Fonte: Imagem – Cartaz da actividade. Google]

«O Mar Atinge-nos» de Maria Azenha


No próximo dia 24 de Maio, às 16h00, na Livraria Barata da Av. de Roma, será lançado o novo trabalho da nossa associada, a Poetisa Maria Azenha.

O CD O Mar Atinge-nos, será apresentado pela Professora Dr.ª Risoleta Pinto Pedro.


Avisam-nos, e nós divulgamos que durante a sessão será servido um beberete de poesia e guitarra Pois então! A não perder.

[Fonte: Texto – Convite. Imagem – Capa do CD. Google]

«Sensacionismo e Outros Ismos» de Jerónimo Pizarro


Hoje, dia 20 de Maio, às 18h30, em Lisboa, na Casa Fernando Pessoa, o Professor Doutor Fernando Martinho introduziu o Volume X da Edição Crítica de Fernando Pessoa, Sensacionismo e Outros Ismos, cuja apresentação e edição é de Jerónimo Pizarro.

Ficha Técnica

Código: 1016091
Autor: Fernando Pessoa
Colecção: Edição Crítica das Obras de Fernando Pessoa
Tema: Estudos Linguísticos e Literários
Data de Publicação: Fevereiro de 2009
Nº Páginas: 700
Nº Volumes: Volume X
ISBN: 978-972-27-1663-5
Preço: 38,00 Euros
Observações: Série Maior. Apresentação e edição de Jerónimo Pizarro



[Fonte: Texto – Convite. Imagem – Capa do livro. Google]

«PESSOA E A ALEGORIA DA CAVERNA»


Tão cedo passa tudo quanto passa!
Morre tão jovem ante os deuses quantoMorre!
Tudo é tão pouco!
Nada se sabe, tudo se imagina.
Circunda-te de rosas, ama, bebe
E cala. O mais é nada.

Ricardo Reis, Odes de Ricardo Reis


Todas as grandes coisas se alcançam
com o coração leve

Ramtha

Nas tradições iniciáticas gregas, a caverna representa o mundo. Para Platão, este é um lugar de ignorância onde a alma humana está presa, como no interior de uma caverna. Escreve ele em A República, que a caverna tem uma ampla passagem que dá para a luz; no interior, de costas para a entrada, estão os homens acorrentados, sempre no mesmo lugar. A única luz que lhes chega é a que vem de fora, mas que eles (que somos nós) não podem ver directamente. Para Platão, esta é a condição da humanidade na terra. A caverna é a imagem deste mundo. A luz indirecta que ilumina as paredes vem de um sol, invisível para quem está dentro, mas indica o caminho de regresso da alma rumo à “verdadeira” Realidade. Este simbolismo cósmico e ético compara implicitamente este mundo a um teatro de sombras, de cuja ilusão a alma tem de se libertar para atingir a realidade: o mundo das Ideias, dos arquétipos ou da perfeição. Outras tradições chamam-lhe céu, nirvana, paraíso e outros nomes, mas o que é surpreendente é que parece muito perto de nós e que nos bastaria uma rotação de pescoço para termos acesso à fonte. Tão simples…

Simples, mas não linear. Para alguma coisa lá estão as sombras.

Os processos iniciáticos costumam ser descritos como partindo de uma caverna chamada câmara de reflexão para as provas, e daí para a Luz. Por vezes, como no Poço iniciático da Regaleira, os aspirantes à Iniciação tiveram de descer, com os olhos tapados, por uma íngreme escada. Assim faziam (e todos nós, os que já por ali descemos, de alguma forma) o trabalho de recuo até ao útero.

Ser conduzido a uma caverna é ter uma nova oportunidade de um novo nascimento, de um começar tudo de novo, com a convicção de que somos os agentes da prisão e também os da libertação. Que não há a quem culpar. Estamos novamente no princípio do caminho, uma nova oportunidade se nos apresenta. Saberemos aproveitá-la? Que não há mãe nem pai para culpar e estamos rodeados de espelhos a quem chamamos “outros” (“houve quem” lhes chamasse heterónimos), onde nos vemos. Reconhecer-nos-emos nos rostos dos outros? E nas qualidades? E nos defeitos? Que nos incomoda quando olhamos as sombras dos outros? Saberemos que estamos a ver a nossa própria sombra? Ou continuaremos a ver neles mães, pais, professores, chefes, patrões, esposas, filhos, maridos, sombras da culpa a quem mais uma vez culpar?

Um dia teremos a coragem, como um cão fiel ao nosso próprio destino, ou projecto, ou desenvolvimento, de não largarmos as canelas dos que mais nos incomodam, até percebermos, digo, aprendermos com eles acerca de nós.

Somos, nesta caverna, o guardião, o prisioneiro, as correntes e o libertador. O ser humano que se lamenta é, na realidade, quem se mantém a si mesmo aprisionado, e é ele e só ele quem poderá libertar-se. Segundo a interpretação de Platão e Pitágoras, a alma é mantida em prisão pelas suas paixões e libertada pelo pensamento. Este não é o pensamento em circuito fechado em que andámos a maior parte das nossas vidas, é o pensamento libertador que desfaz as culpas do eu e do outro. Desfaz as culpas mas não cega, mas não oculta, dá a olhar a sombra para ver a sombra.

O pensamento libertador é aquele que liberta o olhar, que até aí só via a dor, por culpa da culpa, ora em si ora no outro, numa monótona alternância.

Uns dos maiores perigos da gruta não são as sombras. As sombras são aquilo que temos, são as nossas circunstâncias, mas não a nossa fatalidade ou destino, apenas a condição a transcender. O perigo é a ilusão de tomar as sombras pela realidade, mas estas, em si, são incontornáveis, o material inalienável para que o processo de individuação se faça.

A caverna, paralelamente à sua função protectora, já foi cenário de obras de arte. Os nossos antepassados desenhavam figuras nas suas paredes, representando animais e pessoas da época, cenas de caça e ritos. Era uma actividade que poderia ter tanto de figurativo como de simbólico ou mágico. Mas na verdade, se atentarmos no símbolo da caverna a partir da concepção platónica, esta actividade de representação é, ela própria, um arquétipo daquilo que é realmente a actividade do inconsciente. Os nossos antepassados representavam literalmente o mundo nas paredes da caverna física, tal como nós representamos, segundo Platão, o mundo das ideias puras nas paredes da nossa caverna, que é aquilo que designamos como o mundo físico.

Os físicos quânticos dizem algo que se pode traduzir como exactamente a mesma coisa. Que criamos a realidade.

Como o vêm dizendo os místicos.
Vejamos os poetas e encontramos mais do mesmo.
Fernando Pessoa refere-se a isto:
“Sou minha própria paisagem, /Assisto à minha passagem/”
Ou: “Tudo o que sonho ou passo, /O que me falha ou finda, /É como que um terraço/Sobre outra coisa ainda. Essa coisa é que é linda.”
Essa coisa linda de que ele fala é a que ficou além de nós, a luz que está atrás de nós e projecta o teatro de que apenas vemos as sombras projectadas. Está lá tudo, nas paredes da caverna, mas… como num filme muito antigo, ou muito moderno: algo distorcido. Como num teatro de sombras. Recorrendo a Hermes Trimegisto: Assim como em baixo, assim em cima” Não existe nada em nenhum plano que não exista nos outros:
Ainda Fernando Pessoa:
“Eu vejo-me e estou sem mim, /Conheço-me e não sou eu”.
Afirma nas Páginas Íntimas e de Auto-interpretação:

“Há entre mim e o mundo uma névoa que impede que eu veja as coisas como verdadeiramente são – como são para os outros.”

A névoa aclara-lhe a visão. Porque o impede de ver as coisas como os outros as vêem, como eles pensam que elas verdadeiramente são: as sombras. Não significa que ele veja o mundo das ideias puras, mas ele sabe que o que os outros vêem são sombras. A névoa torna-lhe nítido o olhar. E aqui está o grande e brilhante paradoxo: a névoa lúcida é aquela que sabe que as sombras são sombras. Isso ainda não é a luz, mas sabê-lo é o primeiro passo sem o qual nada é possível.

Talvez seja essa (não sei, é só uma hipótese) a grande transcendência ou a grande luz que precisamos descobrir: que a sombra é a sombra. Só pode transformar-se em luz a sombra que for primeiro reconhecida como tal. De contrário transformar-se-á provavelmente em cada vez maior breu, cada vez mais denso, cada vez mais palpável, cada vez mais esmagador, cada vez mais grade de prisão. Ou gruta.

Simbolicamente, a caverna representa o inconsciente, essa profundidade tão propícia à elevação. Quanto mais o ser mergulha dentro de si, dentro da sua sombra, no local mais escuro e tenebroso da caverna, mais possibilidades tem de conhecer aspectos desconhecidos da psique, mas também, como um escritor que muito aprecio, Christian Bobin, diz no seu livro La Lumière du Monde: quanto mais se iluminam partes de uma divisão, mais remetemos à escuridão as partes não iluminadas. Este é um perigo real da caverna. Querer iluminá-la subitamente, intensamente, pela sombria luz do fanatismo, ou da certeza, pode tornar as zonas obscuras particularmente inquietantes, os animais selvagens vão acolher-se preferencialmente nesses recantos escuros e podem tornar-se muito assustadores. É talvez conveniente ir iluminado progressivamente a caverna, ir tomando contacto com as partes recém-iluminadas, entrar pé ante pé nas zonas escuras, tacteando, habituando-nos às feras que de nós mesmos escondemos, já que o choque pode ser grande.

Há uma caverna muito segura que habita dentro de nós. Essa caverna é o coração (“.. esse comboio de corda…”). Quanto mais aberto, arejado e confiante, mais seguro se torna, e mais recomendável como sítio para lá se morar. Mas antes é preciso expulsar dele, melhor dizendo, conduzir gentilmente até à porta, o monstro do medo. É um trabalho que pode demorar anos, o monstro multiplica-se, e até pode não terminar, isso não é o que mais importa, mas algum dia terá de ser iniciado. E só nessa altura temos verdadeiramente aquilo a que alguns chamam o iniciado. Que até já pode estar convencido de estar muito liberto ou “avançado”, mas se não tiver feito esse trabalho, não passa de um actor a fingir que participa no teatro iniciático. Nem haverá graus ou honrarias que lhe cheguem. São estes os verdadeiros processos de consciência, os que nos conduzem mais fundo e nos abandonam na caverna a um canto do medo com as nossas sombras. Um dia olhamos à volta e vemo-nos lado a lado com aquele que considerávamos ser o pior dos miseráveis, o mais cretino dos cretinos. Pegamos-lhe na mão e ajudamo-lo a erguer-se. Pensamos nós. Depois, quando o olhamos enfim de pé, percebemos que afinal foi ele que nos estendeu a mão. É nesse momento da morte de toda a ilusão que o trabalho pode verdadeiramente iniciar-se. Mas não há títulos para esses graus. É talvez este o mais doloroso e também o mais glorioso momento: ver a ilusão e viver com ela sem a tomar pelo absoluto.

Afinal, estar aqui pode também ser visto e agradecido como uma dádiva. Esta visita ao reino do físico, das sensações, dos sons, dos cheiros, das cores e dos sabores é para ser apreciada. Se assim não fosse para que teríamos os sentidos físicos? Que os gozemos e nos divirtamos com os prazeres que nos proporcionam, sabendo que o todo não termina aí. E que todos têm direito à sombra e à luz, aos prazeres e ao todo. E respeitando a natureza que também somos nós, coisa que frequentemente esquecemos neste vício da separação em que andamos.

Ainda voltando a Platão e a este mundo, que poderá ser um lugar de sombras, não ponho em causa, mas como não conheço o deslumbrante mundo original ao que aqui está projectado, digo-vos que estas sombras são tão belas que me sinto grata às imagens difusas por me terem acolhido nesta fase da viagem. Quando a sombra que tenho à frente é um nascer ou um pôr-do-sol, quando a sombra que tenho à frente é um estranho e misterioso tom do mar, nuvens a desenharem mundos no céu, um telhado molhado pela chuva, uma erva que cresce entre as pedras, a lua sobre o rio, uma expressão humana de espanto ou maravilhamento, o canto de uma voz ou o som de um piano que me transportam à caverna do meu coração, um gato a espreguiçar-se, um belo poema, o olhar profundo de um bebé e o infinito de deslumbramentos de sombras desta ao mesmo tempo magnífica caverna, pacifico-me com a sombra, aceito a ilusão e saboreio a névoa. Afinal, é para isso que cá estamos. Não se recusa uma bela prenda. Ainda que se trate de um ilusório algodão doce que mal se coloca na boca logo se desfaz.

Sobre a caverna há muita coisa escrita em imensos livros, a começar pela República de Platão, passando pelos vários dicionários de Símbolos e tantos outros, mas cada um de nós pode fazer a sua própria pesquisa interior. Penso que o melhor que podemos encontrar é o que está gravado na caverna dos nossos corações, porque isso, não há Google que busque, é informação inédita, não aparece registado em mais lado nenhum. A não ser nos poetas. Para poupar caminho procure-se em cada poema de Pessoa e das suas “personas”.

Para os deuses as coisas são mais coisas.
Não mais longe eles vêem, mas mais claro
Na certa Natureza
E a contornada vida...
Não no vago que mal vêem
Orla misteriosamente os seres,
Mas nos detalhes claros
Estão seus olhos.
A Natureza é só uma superfície.
Na sua superfície ela é profunda
E tudo contém muito
Se os olhos bem olharem.
Aprende, pois, tu, das cristãs angústias,
Ó traidor à multíplice presença
Dos deuses, a não teres
Véus nos olhos nem na alma.

Ricardo Reis

http://risocordetejo.blogspot.com/


[© Risoleta Pinto Pedro]

quarta-feira, 15 de abril de 2009

«TRADUÇÕES» de Mário Máximo e Margarida Nunes

No próximo dia 16 de Abril, às 18h00, na Galeria Municipal Palácio Ribamar, em Algés, inaugura a exposição Traduções, que conjuga poemas de Mário Máximo e fotografias de Margarida Nunes.

Esta é uma boa ocasião para todos os associados se reencontrarem. Até quinta-feira, em Algés!

A exposição poderá ser visitada de 17 de Abril e 10 de Maio, de terça-feira a domingo, entre as 13h00 e as 18h00. Estará encerrada às segundas-feiras e no dia 1 de Maio.


[Fonte: Convite para a inauguração da exposição, editado pela Câmara Municipal de Oeiras]

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Risoleta Pinto Pedro e o «O Pecado do Vagabundo»


No próximo dia 19 de Abril, às 17:00 horas, na FNAC Chiado, é apresentado ao público o livro O Pecado Vagabundo: Entre a prisão do conforto e a liberdade do desconforto, de Risoleta Pinto Pedro, um conto extraído do livro O Aniversário, editado em 1998. Nós vamos estar lá. Esperamos por si!

[Fonte: Google]

quarta-feira, 1 de abril de 2009

«"SEI QUE VOLTAS SEMPRE" (viagem no sebastianismo)»


Mário Matta e Silva, poeta e membro da Associação Fernando Pessoa, acaba de editar novo título, seu, na edição e no estilo. Enviou-nos breve nota alusiva ao facto, nota sensível, esfíngica, que ousamos transcrever por ser tão própria e tão bela.


VEM NAS BRUMAS DOS SÉCULOS , NASCE NUMA TRAGÉDIA NACIONAL, PERCORRE TEMPOS E ESPAÇOS, VEM ATÉ HOJE TORNADO CRENÇA E DIABOLIZADO EM MITO, É VIGOR E É FRAGILIDADE, É SAUDADE E É ESPERANÇA, PARA ALÉM DE TER SIDO TEMA E FRUIÇÃO DE ESCRITA EM TANTOS ELEVADOS AUTORES, COMO: JOÃO DE LEMOS, LUÍS AUGUSTO PALMEIRIM, GUERRA JUNQUEIRO, ANTÓNIO NOBRE, TEIXEIRA DE PASCOAES, AFONSO LOPES VIEIRA, MÁRIO BEIRÃO, ANTÓNIO SARDINHA, FERNANDO PESSOA, JOSÉ RÉGIO, VITORINO NEMÉSIO, ANTÓNIO MANUEL COUTO VIANA... CIRANDA NOS PRESSÁGIOS DE BANDARRA, NAS PRECES DE ANTÓNIO VIEIRA... RAIANDO PELAS ESPANHAS, OU NOUTRAS PARAGENS, COM LOPE DE VEGA, FERNANDO DE HERRERA, ZORRILLA, ERNEST REEYNOLDS, JONATHAN GRIFFIN E OUTROS... HOJE, COMO NO FIM DA MONARQUIA, EM SIDÓNIO PAIS, EM SALAZAR, EM RAMALHO EANES, VIROU ANGÚSTIA DE CRISES, DE INFORTÚNIOS, DE IDEOLOGIAS E REGIMES, DE TRANSIÇÕES POLITICAS, DE CRENÇAS NACIONAIS, DE REVOLTA SOCIAL... É SER E É TER, É CADA UM E A SOCIEDADE NO SEU TODO, É VIDA E É MORTE, É DECLINIO E AUGE, É RIGOR E BANDALHEIRA, É VENTURA E DESVENTURA... ÂNIMO E DESÂNIMO... ALMA DE UM POVO, EMBLEMA E BANDEIRA... PARA ALÉM DE TUDO É POESIA!


[© Mário Matta e Silva, Março de 2009. Imagem - Capa do livro]

quarta-feira, 18 de março de 2009

Botho Strauss ou no cinquentenário da morte de António Botto





Havia um pajem loiro, desse loiro luz ridente,
que de vivo nos dizia o que era amor de cravo.
Despia-se insinuante sem despir nada de si
e tão perturbável era seu luar de inteiro encanto,
quadrado como ele tinha a voz minguada doçura
que chegava a ser decente seu local corpo de infante
escapulido na rua.

Nem o tocava nem via, nem tolhia o seu ar,
no desejo de o tocar como sendo água fria
onde o pé entra ligeiro e logo entrado é certeiro
que tudo há-de molhar.

Ó dolente melodia noutra louca cidadela,
quem me dera cinderela, corça silente e tardia
debruçada na janela da minha alma vazia.

Ó mais dura solidão de estar por ti rodeado,
como cavalo poltrão que não respeita terrado
e ameaça romper o cordão, o emblema,
tudo aquilo que é sagrado, por minutos de ilusão
em minha crina morena.


[© PMA. Inédito, 2009. Fonte: Imagem – Capa do livro As Canções de António Botto. Google]

sábado, 14 de março de 2009

«Poesia para o Natal»


Como habitual, no sábado, dia 8 de Dezembro de 2007, os associados da Associação Fernando Pessoa tiveram a oportunidade de participar numa sessão de leitura de poesia que se realizou no Centro Cultural Malaposta, em tarde amena de sol e chuva miudinha.


Entre a reduzida assistência contaram-se Manuela Nogueira, Mário Máximo, Victor Belém, Virgílio Silveira Ramos, Helena Garrett e Pedro Albuquerque.

NOTICIAS DO CAFÉ MARTINHO DA ARCADA − «O Último Jantar»


A 24 de Outubro de 2007, no Martinho da Arcada, a Associação Fernando Pessoa realizou um jantar convívio onde foram convidados de honra os investigadores e novos rostos do universo pessoano, Jerónimo Pizarro, Steffen Dix e Patrício Ferrari.
Foi da iniciativa da Senhora D. Manuela Nogueira, sobrinha do poeta, a sugestão do nome dos convidados para este jantar, o qual marcou o encerramento das tertúlias da Associação no ano de 2007.
Hoje, à distância de ano e meio, não deixa de ser curioso constatar que os jantares convívio desta Associação encerraram, precisamente, com uma nova geração de pessoanos:

quarta-feira, 11 de março de 2009

A Câmara Municipal de Lisboa lança novos “Percursos Literários”


Alunos dos diferentes níveis de ensino poderão conhecer as ruas de Lisboa a partir da leitura de excertos das obras de autores vários que nelas viveram e circularam, fazendo passeios direccionados por percursos pré-definidos, com a duração aproximada de uma hora.

Alexandre O'Neill, Fernando Pessoa, Gil Vicente, José Rodrigues Miguéis, Cesário Verde, Camões são alguns dos autores que podemos levar por companhia.

Estas visitas realizam-se de 2ª a 6ª Feira, bastando marcar e reservar a data e escolher o autor do momento (marcações pelo telefone 21 8170600; serviço gratuito).

[Fonte: Texto – Google]

«Marketing em Pessoa»


Editado pelas Edições IPAM, a obra reúne de originais de Fernando Pessoa, criteriosamente seleccionados, abordando temas técnicos genéricos nas áreas da Economia, da Gestão, e da Comunicação, redigidos numa época em que o Marketing era ainda uma “ciência” desconhecida ou menos conhecida.

A qualidade e a argúcia com que o autor aborda as diversas matérias fazem deste livro um peça fundamental para o conhecimento do “pensamento poliédrico” deste autor.


Ficha Técnica:

Título: Marketing em Pessoa
Autor: Fernando Pessoa
Editora: Edições IPAM
Ano da Edição: 2008
N.º de Páginas: 95
Preço de capa on line: 11,95€

[Fonte: Texto – Google]

Fernando Pessoa é o “Autor do Mês” na Biblioteca Municipal da Sertã


Durante todo o mês de Março de 2009, Fernando Pessoa é o escritor em destaque na rubrica "Autor do Mês" da Biblioteca Municipal da Sertã. Mensagem, Cartas de Amor, Poemas de Álvaro de Campos, O Guardador de Rebanhos, Livro do Desassossego e Poesias, são alguns dos títulos que podem ser consultados nesta Biblioteca.


[Fonte: Texto – Google]

A Casa Fernando Pessoa assinala os 50 anos da morte de António Botto


Fernando Pessoa e José Régio consideraram António Botto um poeta modelar, génio literário que sabia conciliar a Música e a Poesia elevando a cânone formas da tradição popular.
Nas Canções, António Botto alcança laivos de erotismo nunca antes alcançados, trabalhando sobre temas conhecidos e não ditos, assumindo a verdade do seu amor desigual.
Sendo assim tão genial e inusitada a sua arte, qual a razão de ser tão pouco conhecida e divulgada a sua obra? Esta é a questão à qual Eduardo Pitta procura dar resposta.
Convidamos todos os amantes de Poesia a não perder esta sessão única pela voz de um grande Mestre.

[Fonte: Imagem – Convite editado pela Casa Fernando Pessoa. Google]

“Pessoa Com Todos” – Sarau dedicado a Fernando Pessoa na Cooperativa Cultural Popular Barreirense


No próximo dia 13 de Março de 2009, pelas 21h30, na Cooperativa Cultural Popular Barreirense, tem lugar um sarau onde será evocada a poesia e o poeta Fernando Pessoa, sob o tema Fernando Pessoa – Ele próprio e os Outros, com apresentação de Rosário Vaz e intervenção do ARTEVIVA-Grupo de Teatro do Barreiro e dos alunos da Escola Secundária de Santo António.

Nesta ocasião será projectado o filme Fernando Pessoa no Barreiro.

[Fonte: Texto – Google]

segunda-feira, 9 de março de 2009

CASA FERNANDO PESSOA, a Casa da Poesia comemora o Dia Mundial da Poesia 2009. Que prazer ver esta casa aberta ao público!


No Jardim Teófilo Braga (JARDIM DA PARADA - Campo de Ourique) e na Casa Fernando Pessoa, de 16 a 22 de Março, poderemos desfrutar:


Feira do Livro de Poesia
Todos os dias 10h00 - 19h00
Inauguração: 16 de Março 10h00

Sessão de Autógrafos (diversos poetas)

Mostra de Artesanato Urbano
21 de Março 10h00 - 19h00

Actuação do Coro Paradoxal
21 de Março 15H30
Actuação do Coro da CURPI
22 de Março 15h30

Cenas com Pessoa
Ângela Pinto
Hélder Gamboa
Bruno Cochat
Manuel Brás da Costa

Mural de Poesia
Convite à veia poética da população de Campo de Ourique

Serviço Educativo
2ª a 6ª feira 10h00-17h00

Actividades para as escolas:
Peddy jardim
Vamos fazer um poema
Ilustração de "Quadras ao Gosto Popular"
Caricaturas de Fernando Pessoa
Sábado:

Público em geral
Actividades diversas


CASA FERNANDO PESSOA

Exposição de Manuscritos
Teatro A Palavra dos Poetas
Encenação de João Mota
Carlos Paulo e Jorge Andrade
Músico: Hugo Franco
21 de Março 18h30


[© Casa Fernando Pessoa. Fonte: Imagem – Cartaz do evento. Programa - Mundo Pessoa. Google]

«Poesia Reunida, de Maria Teresa Horta»



[Fonte: Imagem - Convite do lançamento do livro na Casa Fernando Pessoa]

sábado, 7 de março de 2009

Assírio & Alvim publica antologia bilingue «Forever Somoene Else», de Fernando Pessoa, por Richard Zenith


Forever Someone Else, é uma antologia poética bilingue (português-inglês) de Fernando Pessoa, editada pela Assírio & Alvim. Trata-se de uma selecta traduzida para inglês por Richard Zenith, na qual se acolhe ou recolhe a melhor e mais representativa poesia de Fernando Pessoa e de seus heterónimos.

O volume integra a colecção Documenta Poetica, devolvendo ao público o melhor da poética pessoana que muitos consideravam esgotada.

[Fonte: Imagem – Capa do livro. Google]

«Fernando Pessoa para jovenzinhos»


Vieira é o último livro de Amélia Paes, publicado no âmbito da comemoração dos 400 anos da morte do Padre António Vieira, o Imperador da Língua Portuguesa.
Nesta altura, está a ser negociada a publicação do livro no Brasil.

A autora informou que um seu novo título, Fernando Pessoa para jovenzinhos, será publicado em breve pela Companhia das Letras. Ficamos a aguardar.

[Fonte: Imagem – Capa do livro. Texto – Google]

Maria Bethânia canta Sophia e Pessoa


A cantora brasileira, Maria Bethânia, actuou em Lisboa, em dois concertos no Coliseu dos Recreios, dias 27 e 28 de Fevereiro, nos quais interpretará poemas de Sophia de Mello Breyner Andresen, e de Fernando Pessoa, numa justa homenagem à Literatura Portuguesa.

[Fonte: Imagem - Google]

Notícias do Fantasporto 2009: «Lisbon, What The Tourist Should See [1925]»


José Fonseca e Costa está a trabalhar num novo projecto cinematográfico que consiste na adaptação ao cinema de um texto de Fernando Pessoa, de 1925, intitulado «Lisbon, What The Tourist Should See».

Fonseca e Costa quer vestir as palavras de Fernando Pessoa com a roupagem feita de retratos citadinos dos dias de hoje, ilustrando uma Lisboa intemporal. A narração em inglês está a cargo do actor americano Peter Coyote, conhecedor e apreciador da obra do poeta.


[Fonte: Texto – Sara Santos Silva – JPN, 2 de Março de 2009. Google]

«O ESCULTOR DO SUBLIME»


Dizemos adeus
ao sócio e amigo


Lagoa Henriques
(1923 - 2009)




«100 ANOS DEPOIS: Fernando Pessoa em cartazes antigos»



[Fonte: Imagem – Reprodução de cartaz impresso pela Câmara Municipal de Lisboa e afixado por toda a cidade, em 1988. Col. Virgílio Silveira Ramos]

«100 ANOS DEPOIS: Fernando Pessoa em cartazes antigos»



[Fonte: Imagem – Reprodução de cartaz impresso pela Câmara Municipal de Lisboa e afixado por toda a cidade, em 1988. Col. Virgílio Silveira Ramos]

«De Luís Filipe Cristóvão, pubicado em 2009»


[Fonte: Imagem - Capa do livro, Google]

«PORTUGAL E O FUTURO - 1»


Numa altura em que Portugal se encontra numa situação difícil pensei que seria de interesse transcrever algumas considerações que o poeta Fernando Pessoa fez ao longo da sua vida sobre Portugal e o problema nacional. 1907 – 1935. Segunda o poeta o nosso pais tem atravessado diversas crisessimilares, o que para alem de ser curioso nos dá diversas leituras sobre a maneira de ser do povo português Utilizamos uma recolha de textos editados pela Ática em 1978 organizados por Joel Serrão e recolhidos por Maria Isabel Rocheta e Maria Paula Morão. Este livro é hoje de difícil acesso dai a nossa decisão de transcrever alguns textos.


Victor Belém


Aqueles portuguesas do futuro, para quem porventura estas páginas encerrem qualquer lição, ou contenham qualquer esclarecimento, não devem esquecer que elas foram escritas numa época da Pátria em que havia minguado a estrutura nacional dos homens, e falido a panaceia abstracta dos sistemas . A angustia e a inquietação de quem as escreveu, porque as escreveu quando não podia haver senão inquietação e angústia, devem ser pesadas na mão esquerda, quando se tome, na mão direita, o peso ao seu valor cientifico.
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Das feições da alma que caracterizam o povo português, o mais irritante, sem duvida, o seu excesso de disciplina. Somos um povo disciplinado por excelência. Levamos a disciplina social aquele ponto de excesso em que cousa nenhuma, por boa que seja­ e eu não creio que a disciplina seja boa­ por força há-de ser prejudicial. Tão regrada, regular e organizada ,é a vida social portuguesa que mais parece que somos um exército que uma nação de gente com existência individuais. Nunca o português tem uma acção sua, quebrando com o meio, virando as costas aos vizinhos. Age sempre em grupo, sente sempre em grupo, pensa sempre em grupo. Está sempre à espera dos outros para tudo. E quando, por um milagre de desnacionalização temporária, pratica a traição à Pátria de ter um gesto , um pensamento, ou um sentimento independente, a sua audácia nunca é completa, porque não tira os olhos dos outros, nem a sua atenção da sua critica.
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Somos incapazes de revolta e de agitação. Quando fizemos uma revolução foi para implantar uma cousa igual ao que já estava. Manchamos essa revolução com a brandura com que tratamos os vencidos. E não nos resultou uma guerra civil, que nos despertasse: não nos resultou uma anarquia, uma perturbação das consciências. Ficamos miserandamente os mesmos disciplinados que éramos. Foi um gesto infantil, de superfície e fingimento.
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Portugal precisa de um indisciplinador. Todos os indisciplinadores que temos tido, ou que temos querido ter, nos tem falhado. Como não acontecer assim, se é da nossa raça que eles saem? As poucas figuras que de vez em quando tem surgido na nossa vida política com aproveitáveis qualidades de perturbadores fracassaram logo, traem logo a sua missão. Qual é a primeira cousa que fazem? Organizam um partido. Caem na disciplina por uma fatalidade ancestral.
Trabalhemos ao menos - nós os novos - por perturbar as almas, por desorientar os espíritos. Cultivemos, em nós próprios, a desintegração mental como uma flor de preço. Construamos uma anarquia portuguesa. Escrupulisemos no doentio e no dissolvente. E a nossa missão, a par de ser a mais civilizada e a mais moderna, será também a mais moral e a mais patriótica.

F.P. O Jornal - Lisboa 8 de Abril de 1915
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Nota: Extractos de artigo publicado dois meses após a saída da Revista Orpheu.

[© Victor Belém. Fonte: Imagem - A Queda de Ícaro, óleo de Jacob Peter Gowy (1636-37). Google]

«Uns versos Quaisquer (2) Meter o Rossio na Rua da Betesga... em flagrante delitro»


“[…]
Eu, enfim, literalmente eu,
E eu metaforicamente também,
Eu, o poeta sensacionista, enviado do Acaso
As leis irrepreensíveis da Vida,
Eu, o fumador de cigarros por profissão adequada,
O indivíduo que fuma ópio, que toma absinto, mas que, enfim,
Prefere pensar em fumar ópio a fumá-lo
E acha mais seu olhar para o absinto a beber que bebê-lo...
Eu, este degenerado superior sem arquivos na alma,
Sem personalidade com valor declarado,
Eu, o investigador solene das coisas fúteis,
Que era capaz de ir viver na Sibéria só por embirrar com isso,
E que acho que não faz mal não ligar importância à pátria
Porque não tenho raiz, como uma árvore, e portanto não tenho raiz
Eu, que tantas vezes me sinto tão real como uma metáfora,
[…]”
Álvaro de Campos, A PASSAGEM DAS HORAS


Foi durante uma das visitas de estudo que fizemos recentemente com alunos à Lisboa de Pessoa, que me vi confrontada com algumas expressões idiomáticas que aos alunos nacionais não colocam problemas, mas sim aos estrangeiros, que temos cada vez em maior número a colorir com sotaques exóticos os sons dos nossos dias, muito embora os alunos de leste possuam uma rara capacidade para a aprendizagem da nossa língua com um mínimo de sotaque.
Vem isto a propósito da expressão “em flagrante delitro” que constitui a dedicatória com que Fernando Pessoa assina, para Ofélia, uma fotografia de si mesmo ao balcão do Abel Pereira da Fonseca. A foto é bastante conhecida, a dedicatória também, e o Abel Pereira da Fonseca, onde o Pessoa foi “apanhado”, na Rua de S. Nicolau (há quem diga que é em Campo de Ourique), o que tem (tinha) por cima a igreja do “Corpus Christi” , ainda está lá o sítio, embora o prédio esteja fechado e se alguém não der atenção, a tempo, a este edifício duplamente histórico, não tardará muito que ameace ruína a juntar-se a tantos outros.
Durante estas visitas de reencontro com os passos do poeta, passou-se também pela Licorista, antes café Áurea Peninsular, na rua do Arco da Bandeira, onde pode ver-se, no seu interior, um painel de azulejos a cores reconstituindo a célebre foto a preto e branco de Pessoa ao balcão, bebendo talvez a sua ginjinha, talvez o seu absinto. Aí nos detivemos olhando o interior através da montra e virando-nos para a rua, admirando em frente, a fachada do Animatógrafo, onde os desenhos animados agora são outros, com a abertura de uma sex-shop e espectáculos eróticos. Tentando explicar aos estrangeiros o significado de “flagrante delitro”, só me vinha à cabeça a expressão “com a boca na botija”, ainda mais difícil de traduzir, pelo que viesse o diabo e escolhesse. Neste momento, veio em meu socorro a realidade, que nunca nos deixa ficar mal, porque, com as máquinas fotográficas todas apontadas para o animatógrafo, por causa dos esplêndidos azulejos arte nova de Jorge Pinto (depois fomos ver os de Bordalo Pinheiro, na Tabacaria Mónaco), a expressão nos rostos dos homens que vinham saindo (alguns recuavam a velocidade de cruzeiro) era mesmo de quem não esperava e muito menos gostava de ser apanhado “com a boca na botija”. Foi um “momento cultural” muito divertido.
Na rua da Betesga, tradicionalmente considerada a rua mais pequena rua de Lisboa (daí a expressão “meter o Rossio na Rua da Betesga”, que foi o que tentámos fazer ao ambicionarmos percorrer em quatro horas todo o vasto património afectivo de Pessoa na Baixa (quartos, escritórios, cafés, etc), coisa que só conseguimos com muito corta-mato, dizia eu que a Rua da Betesga, apesar das suas modestas dimensões (mas não modesta localização, ali mesmo entre a rua da Prata e a rua Augusta) ainda consegue albergar, só de um lado, uma charcutaria, uma loja de roupas e um banco. De que mais necessita uma rua, de que mais necessita um lisboeta? Nesta rua há dinheiro para comer e para vestir, é uma rua completa. O que não era completo foi a informação de que eu dispunha, porque esperava encontrar o nº 75, onde Pessoa trabalhou, no 3º andar, na Firma Lima e Mayer, que entretanto desapareceu, e tive também conhecimento, nesta mesma visita, que um colega meu teve a paciência, quando andava na Faculdade, de medir ambas as ruas, ao centímetro!, tendo ficado a saber (ele, e agora nós) que a rua do Amparo do outro lado da Praça da Figueira, ainda é mais pequena que a rua da Betesga, tendo uma diferença de... sete centímetros! Lá se foi, num só golpe, um dogma, um provérbio, uma expressão idiomática, um jogo de linguagem (se me permitirem a ousadia de a considerar assim). Um património. Tão valioso como o Abel que encerrou, ou a Igreja de Corpus Christi que se desactivou. Serve-me de compensação saber que se perdemos a rua da Betesga, ganhámos a rua do Amparo. O que não deixa de ser um consolo. A partir de hoje, quando quiserem referir-se a ter mais olhos do que barriga (que foi o meu caso, com esta visita), passam a dispor de duas ruas, podendo escolher entre meter o Rossio na rua da Betesga ou na rua do Amparo. Para os mais moderados, talvez metade em cada uma. Nos tempos que correm talvez dê mais jeito a rua do Amparo. Mas tenho de ir ver que tipo de amparos alberga esta rua. A outra não está mal servida e não nos serve mal.
Vinha isto a propósito do facto de a expressão “meter o Rossio na rua da Betesga”ter sido apanhada “em flagrante delito” pelo meu colega medidor de ruas (não sei se depois de passar pela Ginjinha, nesse caso a medição teria sido “em flagrante delitro”, mas isto já é especulação minha). O que é facto é que com todas estas brincadeiras e conversas em torno de Pessoa e a sua relação com o álcool, acentuada pela sua poesia onde demasiadas vezes se toma à letra o que é trabalho de poeta, logo, de “fingidor”, se fixou uma ideia acerca da sua relação com a bebida que não é verdadeira e muito menos rigorosa. E já que há quem esgrima os próprios textos de Pessoa para o acusar de um alcoolismo que pelo menos nunca foi convencional, relembremos o excerto que vem na epígrafe acima:
“O indivíduo que fuma ópio, que toma absinto, mas que, enfim,
Prefere pensar em fumar ópio a fumá-lo
E acha mais seu olhar para o absinto a beber que bebê-lo...“
Aqui está bem patente que é preciso ler a poesia como aquilo que é e não como uma biografia, com mais razões ainda num poeta de tal complexidade.
Frequentador de leitarias (onde, confessa “eu não ia beber leite”), cafés e tabernas, nunca, no entanto, se apresentou publicamente alcoolizado, nem perdeu o porte digno. A cirrose hepática, até o leite que não bebeu poderia tê-la provocado, sabe-se que o álcool não é o único elemento a atacar o fígado.
De qualquer modo, de alguma coisa ele havia de morrer. Parece ter escolhido aquela que mais poderia baralhar os seus “intérpretes” com a certeza da dúvida.
Assim termino esta crónica onde mais uma vez tentei meter o Rossio na rua da Betesga, e agora, para meu amparo, é aos versos de Pessoa que peço ajuda para me despedir, e que nunca me desamparam:

«Tu, Caeiro meu mestre, o que viste foi a realidade, e não o real.»
Álvaro de Campos.

http://risocordetejo.blogspot.com/


[© Risoleta Pinto Pedro. Fonte: Imagem - Fernando Pessoa na Abel Pereira da Fonseca, 1929. Google]

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

www.flip.pt | www.priberam.pt


No próximo dia 17 de Fevereiro, às 10h30, na Biblioteca Nacional de Portugal, em presença do Ministro da Cultura, é lançada a nova versão do FLiP, o FLiP 7, que inclui, em opção, todas as alterações propostas pelo novo Acordo Ortográfico.

RINOCERONTE: “poeta-escultor de ícones de Fernando Pessoa”


No Palácio da Galeria, em Tavira, inaugurou no passado dia 7 de Fevereiro – e pode ser visitada até ao próximo dia 28 de Março – a exposição “Rinoceronte”, pseudónimo e marca artística do “poeta-escultor” Renato Cruz.

Renato Cruz nasceu em Vila Real de Santo António, em 1946. Formou-se na Escola António Arroio. Residiu em Paris durante 14 anos, tendo regressado a Portugal na década de 80 do século passado, entregando-se à produção de “objectos-poema”, personagens cultas da História e da Literatura de Portugal.

Co-organizador das Bienais de Lagos (1982, 1984 e 1986), colaborador do Expresso, co-fundador da Galeria Zé dos Bois, mostrou na Casa Fernando Pessoa os seus muito apreciados “Fernandos”, verdadeiros ícones da Casa.

Esta exposição pode ser visitada de terça-feira a sábado, das 10h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30.

CONVITE: Biografia de FERNANDO PESSOA na CASA FERNANDO PESSOA


[Fonte: Convite editado pela Temas e Debates e CML/Casa Fernando Pessoa]

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

LAURA CESANA – «O Menino da Sua Mãe»


[© Laura Cesana, Série Fernando Pessoa: “O Menino da Sua Mãe”, 1988, técnica mista, 35 x 48 cm]

«Uns versos Quaisquer (1) PESSOA E A INTERNET»


O melodioso sistema do Universo,

O grande festival pagão de haver o sol e a lua

E a titânica dança das estações

E o ritmo plácido das elípticas

Mandando tudo estar calado.

E atender apenas ao brilho exterior do Universo.


Álvaro de Campos, 27-11-1914

[In Poesia , Assírio & Alvim, ed. Teresa Rita Lopes, 2002]


De vez em quando recebo uns mails daqueles cheios de boas intenções muito bem arrumadas (não tenho nada contra as intenções, eu própria estou cheia de delas, nem contra as arrumações, que ando sempre a fazê-las em casa e nas ideias), o problema é que esses textos umas vezes são atribuídos a Garcia Marquez, outras a Jorge Luís Borges, e ainda a outros autores que agora não recordo. Basta ter lido um pouco daqueles autores para se perceber imediatamente que o texto não tem nada a ver com eles.
Recebi recentemente um mail cujo assunto era qualquer coisa como “Fernando Pessoa e a crise”, entendamos: o Fernando Pessoa que foi, na poesia que continua a ser, e a crise que não deixou de ser, pelo menos foi o que pensei antes de ler o mail. Vinha, como certificado de garantia, acompanhado de uma pintura representando Fernando Pessoa. Tudo bem, até aí. O problema era o poema. Não era um poema, era um problema. Um enigma. Que ainda hoje não resolvi na totalidade, mas que tenho a certeza não ser de Fernando Pessoa. Quem o escreveu, é para mim um mistério que desisti de desvendar, mas Fernando Pessoa NÃO FOI. Aposto com quem quiser.
Acreditam que ele poderia ter escrito isto?:

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viverapesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas ese tornar um autor da própria história.É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrarum oásis no recôndito da sua alma .É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.É saber falar de si mesmo.É ter coragem para ouvir um 'não'.É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Sem pôr em causa as boas intenções, a moralidade e mesmo a eficácia, para quem conseguir, mas…

Não, definitivamente não. Da sintaxe ao vocabulário, passando pelas ideias. Demasiado linear. Mesmo um Caeiro, um Campos, que não ligavam nada à regularidade (Reis era semi-regular, de uma regularidade muito própria) métrica, rítmica ou estrófica, não se atreveriam a este discurso de pastor protestante em dia de missa (com todo o respeito por todos os pastores, a começar pelo de Caeiro…), Mas Caeiro falaria das árvores e Campos falaria das máquinas, Pessoa não encontrou nenhum oásis dentro da alma, até porque com tanta alma era impossível esquadrinhar em todas. Nem estou a ver se ele estava interessado nisso. Também não estou a ver nenhum deles a verbalizar o agradecer a cada manhã o milagre da vida, sobretudo desta maneira, mas imagino perfeitamente Caeiro a fazê-lo em silêncio, com árvores nas pupilas, Campos com barcos a saírem-lhe dos olhos.

Para ouvir um “não”, não é preciso ter coragem, basta ter ouvidos. O problema é depois. E o problema começa logo ao nascer. Sobre isto Pessoa escreveu uma arca de poemas que ainda hoje cintilam como estrelas lúcidas. Basta lermos com atenção o poema em epígrafe, para vermos como Álvaro de Campos escreve um poema ao estilo de Caeiro, o mestre. Este poeta não cabe em sistemas (nem nos que ele próprio criou) ou em morais, é maior que tudo isso.

Tudo o que se diz no mail abusivamente atribuído a Pessoa que recebi, está condensado com muito mais elegância po(ética) e estética em:
“E atender apenas ao brilho exterior do Universo.”

Sobre Pessoa, estamos conversados.

Sobre a crise, apetece-me enviar um e-mail para o éter “Mandando tudo estar calado”. Pode ser que com algum silêncio se consiga pelo menos resolver a crise dentro de cada um de nós. Ou recomendando “O grande festival pagão de haver o sol e a lua”. Pagão que, ocorre-me agora dizer, afinal Deus foi (ou é?). Que grande confusão quando se fala dele (e no entanto, às vezes, um sussurro dentro do coração, uma aragem leve, leve, no cabelo, uma paz no corpo, falam-nos dele. Seja ele (ou ela? ou ele e ela?) quem for(em): criador ateu, criador cristão, muçulmano, judeu ou pagão. Ou Fernando Pessoa, que por vezes para mim, só com um verso, é consolador como um sonho de Deus.

© Risoleta C Pinto Pedro

http://risocordetejo.blogspot.com/

MANUELA NOGUEIRA: «Ao Mestre Alberto Caeiro»


Desculpa Oh! Alberto Caeiro
sou tua discípula desencantada
tatuaram em meu cérebro o mistério de Cristo
olho para a flor como um jardineiro
que só repara na espessura, cor da terra,
na humidade do ar, na linha do vento
à espera que a flor abra para outros
Ser jardineiro é apenas meu sustento.

Desculpa Oh! Alberto Caeiro
tanto te amo sem poder seguir-te
buscar-te na Grécia, frescura da nudez
numa filosofia de máscara teatral,
sou um poeta cego que oiço teus passos
persigo-te de bengala branca cuidando
que teu paganismo é ardil de Deus.
-"Pensar é o contrário de estar feliz" -

Desculpa Oh! Alberto Caeiro
esta cegueira de amar-te sem futuro
és o amor em fotografia, hoje virtual
um dia, quando em mim morreres deveras
saltarei todas as sebes e até o muro;
serei a que perdeu o traje de fantasia
amar-te-ei com um destino sinérgico
para lá da esperança de haver ou não deuses.

Desculpa Oh! Alberto Caeiro
mas não te enganas quando dizes:
"Que nada é o fim, que nada é o abismo, que nada é mistério
e que tudo é Deus, e que tudo é Ser, e que tudo é vida."
Só na unidade do Universo é possível repouso
arrumados os sentimentos no estaleiro
a vida correndo inexorável para o mar
barco de pensamentos viajando num veleiro.


[© Manuela Nogueira, inédito, Fevereiro 2007]

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Saltos altos para dançar Pessoa


Feminine sucede a Masculine. O coreógrafo Paulo Ribeiro optou por uma outra poética de género: em vez da bola de futebol, entram e cena os saltos altos na hora de levar Fernando Pessoa a dançar a coreografia do imaginário feminino.

Em palco, cinco bailarinas e uma actriz percorrem os gestos da sensualidade reservada das mulheres, meridiano de alguma da poética pessoana.

Em digressão, a Companhia Paulo Ribeiro mostra Feminine, no Teatro Aveirense, Sábado, dia 31 de Janeiro, às 21h30.


PERFECTO CUADRADO – FERNANDO PESSOA


Hoje, em Zamora, Perfecto Cuadrado recebe o II Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura, em cerimónia presidida pelos Ministros da Cultura de Portugal e de Espanha.

O evento decorre na Fundação Hispano-Portuguesa Rei Afonso Henriques, em Zamora, cidade que assistiu à assinatura do tratado fundacional da nacionalidade portuguesa. Nesta mesma ocasião, numa justa homenagem à Cultura Portuguesa, Camané cantará Fado.

Perfecto Cuadrado Fernández, de 59 anos, é professor catedrático de Filologia Portuguesa e Galega e doutor em Filologia Hispânica. Especialista em Literatura Portuguesa, com enfoque nos períodos modernista e surrealista, desenvolveu vários estudos sobre Fernando Pessoa.

De acordo com o próprio regulamento, o Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura tem como objectivo distinguir uma pessoa ou entidade que (…) através da sua acção na área das artes e da cultura, tenha contribuído significativamente para o reforço dos laços entre os dois Estados e para um maior conhecimento recíproco da criação do pensamento.

[Fonte: Texto – ANC, Lusa, 18 de Janeiro de 2009]

Na "Rua de Santa Rita", ao entrarmos, estava a arca, sob o retrato encaixilhado da saudade…


A arca de acaju,
de madeira nobre,
talhe inglês
de linha cru,
quase pobre,
quem a fez?

De viagem – não baú –,
poisa sobre quatro pés
de urubu…
Dá o dobre
firme e nu,
arca pobre,
ida agora no convés.

Do poeta, e de leilão,
sua arca foi de vez.
E nem sobra dela o vão,
marca tristonha na sala
onde outrora radicou,
peça móvel outra vez,
sem sentido ou coração
que a prenda ao que guardou.

[Fonte: Imagem - Fotografia da arca de Fernando Pessoa, extraída do catálogo do leilão da P4LiveAuctions, item 52. © PMA, inédito, 2008]

ERNÂNI OLIVEIRA: “três idades de Pessoa”


Ernâni Oliveira nasceu em Lisboa, em Dezembro de 1936. Licenciou-se em Artes Plásticas pela ESBAL/UC.
Desenvolveu a sua actividade profissional na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa – onde deu aulas durante seis anos – e na Escola de Artes Visuais António Arroio, da qual integrou o quadro pedagógico, onde se aposentou, em 1998.

Foi distinguido com o Prémio Júlio Mardel, da Academia de Belas Artes de Lisboa, instituição da qual foi bolseiro em Paris.
Participou em inúmeras exposições de pintura, colectivas e individuais, quer em Portugal quer no Estrangeiro.

É sócio e vogal da Associação Fernando Pessoa.

[Fonte: Texto e Imagem – Catálogo da exposição “Visão 120 Anos Depois: Celebrações do 120º Aniversário de Fernando Pessoa”, Odivelas, Centro Cultural Malaposta, 2008, p.6. © Ernâni Oliveira]

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

«FÓRUM LUSOFONIA» no Centro Cultural Malaposta




[Fonte: Imagem - Programa do Centro Cultural Malaposta, uma casa com arte, Janeiro de 2009. Convite editado e divulgado pelo Centro Cultural Malaposta]

«DICAS DOS ASSOCIADOS»


Qualquer Associação vive da militância activa dos seus associados. A Associação Fernando Pessoa não foge à regra. Através da salutar troca de impressões vamos alcançando novos contactos e novos conhecimentos.
Agradecemos, portanto, ao Virgílio Silveira Ramos a indicação deste outro lugar de Pessoa.

http://multipessoa.net/

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

LAURA CESANA – «Alvor»


[© Laura Cesana, “Alvor”, s/d, acrílico sobre tela, 65 x 81 cm]


quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

O MELHOR É CONSULTAR…



O Major Reformado

Um Fernando Pessoa
é o blog de notícias d'O Major Reformado,
um web site sobre
Fernando Pessoa.



A CASA FERNANDO PESSOA É AQUI!


Câmara Municipal de Lisboa
Casa Fernando Pessoa
Rua Coelho da Rocha, n.º 16
1250-088 LISBOA


Tel. 21.390 32 75

http://casafernandopessoa.cm-lisboa.pt
www.mundopessoa.blogs.sapo.pt

"UNS VERSOS QUAISQUER"… Fernando Pessoa por Risoleta…


Risoleta C Pinto Pedro publicou até hoje, na ficção: A Criança Suspensa, Prémio Ferreira de Castro da Câmara de Sintra, edição da mesma Câmara Municipal, 1996, O Corpo e a Tela, Hugin, O Aniversário, Prémio Revelação APE/IPBL 1994, Ficção, Difel, 1998, O Arquitecto, Hugin, Venite in Silentio, Unicepe, Porto, Setembro de 2004, que destaca, entre outros.

Foi também premiada na poesia pela Sociedade de Língua Portuguesa e participou em colectâneas de poesia e ficção com outros autores.

Escreveu teatro para o grupo TE-ATO, de Leiria, canção para o compositor Paulo Brandão e o Grupo de Música Contemporânea (Aprender com as Rosas), assim como para o compositor Jorge Salgueiro: libretos de ópera (O Achamento do Brasil), cantata (O Conquistador), musical (Kate e o Skate) e canção (“Conquista-me” in Dez Anos de Inquietação, CD dos Negros de Luz, Ed. Tradisom, Jorge Salgueiro, 2005).

Publicadas também, duas bandas desenhadas: O Achamento do Brasil e O Conquistador, Ed. Foco Musical/Fonoteca de Lisboa, cujas falas são constituídas pelos seus libretos.

Tem escrito poemas para os espectáculos da Companhia de Dança Amalgama (Viagens de Luar, A Luz e O Desejo, Mutações, Venite in Silentio (espectáculo cujo processo foi acompanhado da criação de uma ficção com o mesmo nome, em projecto de residência artística no Hotel Convento de S. Paulo), Mater e A Alegria das Rosas.

Espectáculos realizados nos Conventos de Mafra, de S. Paulo na Serra d’Ossa, de Estremoz, de Cristo em Tomar, e nos Palácios da Pena e Regaleira, em Sintra.

Fez crónica (“Quarta-Crescente”) para o Programa Despertar dos Músicos na Antena 2.

Continua a publicar as suas crónicas regularmente em periódicos generalistas, literários e de artes plásticas em suporte papel ou em páginas na internet.

Criou a sua página, onde escreve regularmente:
http://risocordetejo.blogspot.com/

§ A partir do final de Janeiro de 2009, nesta página, Risoleta Pinto Pedro levar-nos-á a ler Uns versos quaisquer (1): uma visita guiada pela Poesia de Fernando Pessoa.

[Fonte: Texto – Risoleta Pinto Pedro. Notícia – AFP. Título da crónica (1) – verso de Fernando Pessoa, escolhido pela autora]

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

A POESIA DE RISOLETA PINTO PEDRO


No outro dia fui aos Jerónimos
com uma mão cheia de alunos
um raminho de azedas e alfazemas
visitar
o Velho do Restelo pensava
eu quando tropeçámos com a mor
ta petrificação dos Poetas.
Depois de de
vida
mente
acariciada a
pedra e olhado o
ar
de
tivemo
nos nós embaraçados per
ante
um altar
pagão
megalito cristão
flor de elevação
marco
marmorear de esquecimento
em padrão
fálico
falido
reverência nossa aflita.
Foi então que um deles, rosmaninho ou alecrim
leu o poeta para lá da pedra e disse para lá do mito:
Isto é muito bonito.
Em poético silêncio recuámos para a frente da vida estava tudo
dito.
……………………………
O lugar onde lamento os poetas mortos é
o mesmo altar onde o talento dos poetas mortos é
o mesmo andar onde habito com os poetas mortos é
o mesmo olhar onde reencontro os poetas mortos é
o mesmo melancólico encolher de ombros

............................
Conheci uma vez um templo
na verdade devotado ao culto
do amor
da rua foi trazida uma misteriosa pedra
de altar e sempre algo misterioso
acontecia cada vez que o(s) oficiante(s) dela
se aproximava(m)
nesse templo os mestres
construtores
desenharam a sua marca sobre a pele
do próprio
templo e indelével ficou
a inscrição
não existindo
esse templo ainda
existe na verdade não
existe e é verdade
que existe e é um verdadeiro templo porque está no tempo e fora
do tempo dentro do templo está
o templo e está
fora do tempo
o templo hoje
o templo transporta-se a si
mesmo sobre as pedras a que alguns apelidam de profanas porque nãoconhecem
a natureza
da pedra é um templo semente é de polinização a sua sagrada
tarefa não sei que aconteceu à pedra
de altar mas não é impossível
que esteja numa outra rua à espera
que um novo templo se erga e alguém a contemple e diga
mas que bela pedra de altar para o meu templo e a arrrrrrrrrrrrrrrrraste
porque é
pe
sa
da
e a coloque novamente no
centro
de um espaço onde
fenómenos misteriosos hão-de voltar
a acontecer
sempre
isto aconteceu em todos os tempos com todos
os templos sobre
pedra se ergue
a pedra e um deus sucede a outro
deus e é sempre o mesmo aquele
que constrói apenas o faz porque não sabe
que é ele o deus a construir
um templo fora de si réplica sem saber da sua própria
natureza e assim até ao fim
do tempo
mas não
do templo.
.................................

Os poetas encostam-se às esquinas e desviam-se
Das pessoas
E buscam
Não
Acham.
Os poetas são más companhias porque se deitam tarde mesmo quando dormem cedo e se levantam tarde mesmo quando se erguem do leito com o nascer do sol. Além disso não têm um pensamento estruturado e falam por alusões. Alimentam-se mal, ingerem símbolos, têm difíceis digestões, complexas metáforas e finalmente não ouvem conselhos.

[© Risoleta C. Pinto Pedro. Imagem - fotografia da autora]

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

EM DEVIDO TEMPO, publicamos dois poemas inéditos de José Miguel Lopes


SAUDADE DO MAR

Em casa tenho dois búzios
que fazem lembrar o mar
tal manchas verdes dos lúzios
tão prontos a me tentar.

Se os ignoro dissimulam
seus choros tristes sozinhos,
se os miro quase me anulam
e não me ensinam caminhos.

Fico assim na indecisão
sem rumo e sem ambição
embora ávido do lar...

Minha estrela me guiará.
Mais esplendente ficará
quando eu chegar ao meu mar.

[6 de Agosto de 2007]

ELEGIA À RUA DO DOURADORES

O dia esgotou-se como tantos outros
naquele escritório da Rua dos Douradores.
O ambiente abafou-me os sonhos
afastou-me os amigos e os parentes.
Tenho a mente imprecisa e a rua é sombria
sombria em cada esquina.
Pelos vidros da janela, só vejo outras janelas.
Sinto-me só
apesar de acompanhado pelo Bernardo Soares
que escreve sem cessar os importantes livros selados.
Sou um correspondente em línguas estrangeiras
e já não sei em que língua penso.
Mas isso não importa, o que é preciso é pensar!
O que pensarão os que durante o dia só escrevem números?
Conseguirão sonhar?
Coitados, sujeitam-se para ganhar a vida!
Farão como eu, que escolho as palavras e oiço a sua música
quando em tudo penso, menos em cartas comerciais?
Hoje, não escrevi as malditas cartas, fingi que as escrevia
enquanto em silêncio decorava a construção dos meus versos.
Agora, assolam-me a mente as palavras de sempre
fingir, pensar, sentir
alma, tristeza, dor
pena, choro, solidão
mar, céu, nada , valor
e muitas outras que não têm a mesma cor.
Estou cansado
fez-se noite no meu dicionário.
Amanhã vou ver o Tejo: Não, não virei,
mandarei o Álvaro de Campos!

[13 de Maio de 2006]

[© José Miguel Lopes]

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

VALE A PENA LER PESSOA…


Em artigo publicado hoje, dia 5 de Janeiro de 2009, no Correio da Manhã, somos informados que, no Brasil, o Juiz Mário Jambo, aplicou a uma portuguesa condenada por tráfico de droga a pena de ler Fernando Pessoa. A condenada terá de frequentar a biblioteca e terá de “resumir pelo punho sentimentos pessoais" que lhe venham da leitura de poemas de Pessoa e seus heterónimos.
O Guardador de Rebanhos integra a copiosa selecta. Nem mais! Somos a favor da Jurisprudência.

[Fonte: Texto – Artigo assinado por S.R., in Correio da Manhã, 5 de Janeiro de 2009, p. 12]

domingo, 4 de janeiro de 2009

Devemos voltar à Poesia de José Miguel Lopes...


Em 2007 havíamos prometido divulgar o lançamento do livro de José Miguel Lopes, Seivas de Inquietude. Não o fizemos. Em nome da Associação Fernando Pessoa, apresentamos um pedido público de desculpa ao autor e associado, aproveitando o momento para fixar o convite do lançamento do referido livro, do qual recomendamos a leitura.
[Fonte: Imagem - Convite do lançamento do livro Seivas de Inquietude. Google]

Inaugurou no Centro Cultural Malaposta


No passado dia 27 de Dezembro de 2008, no foyer do Centro Cultural Malaposta, foi inaugurada a exposição de Artes Plásticas, Visão 120 Anos Depois, comissariada por Ernâni Oliveira, com a qual a Municipália - EM, em parceria com a Associação Fernando Pessoa, rematou as comemorações dos 120 anos do nascimento de Fernando Pessoa (1888 - 1935).

Nesta exposição estão patentes trabalhos de Victor Belém, Ernâni Oliveira, Aida Sousa Dias, Hernani Cardoso, Helena San Payo, Carlos Oliveira, Santos Lopes, Carmo Pólvora, José Cardoso, Manuela Pinheiro, Silva Palmeira e Joaquim Carvalho.

Patente ao público até ao próximo dia 1 de Fevereiro, de Segunda a Sábado, das 11h00 às 23h00; Domingo, das 14h00 às 19h00. Entrada livre.

[Fonte: Imagem - Programa do Centro Cultural Malaposta, uma casa com arte, Janeiro de 2009. Texto - Convite editado pelo Municipália - EM, Centro Cultural Malaposta]

Retomamos a Edição!


Após mais de um ano de ausência, voltamos a dar notícias da Associação Fernando Pessoa. Bom 2009!